27/09/2017 - 10:21:20

Doação de órgãos: falar sobre o assunto é a grande arma para salvar vidas

Até o momento, em Minas Gerais, já foram realizados 1484 transplantes Até o momento, em Minas Gerais, já foram realizados 1484 transplantes

“As famílias precisam conversar sobre doação de órgãos”, afirma a Marcela Pinto de Freitas, médica do MG Transplantes. O desconhecimento sobre o desejo do paciente é ainda o maior empecilho para que um transplante de órgão possa acontecer. Nesta quarta-feira (27), data em que se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos, Freitas explica que falar sobre o assunto e conscientizar as pessoas continua sendo a grande arma para salvar vidas.

“Hoje, para que uma pessoa seja doadora de órgãos, a única coisa que precisa fazer é avisar a família. Não tem que ter nenhum registro em RG ou documento assinado, é só manter a família informada sobre sua vontade”, enfatiza.

Segundo Marcela, por mais que se perceba um aumento na conscientização das pessoas sobre a importância deste gesto, não conhecer o processo de transplante e o diagnóstico de morte encefálica ainda faz com que muitas pessoas decidam por não doar os órgãos do parente que faleceu.

A morte encefálica é constatada quando não há mais atividade cerebral, mas o coração permanece batendo e a temperatura do corpo não diminui. “Este não é um diagnóstico fácil de se entender mesmo, é uma outra percepção da morte e geralmente a família não tem muito tempo para decidir. Então, se eles nunca conversaram sobre o assunto, geralmente a doação não é permitida”.

Outras questões que podem atrapalhar o processo de doação, segundo a médica, são questões religiosas – algumas religiões ainda não concordam com o transplante – e o tempo hábil para a doação. “Se o paciente estiver em outra cidade, por exemplo, pode ser que não chegue a tempo em Belo Horizonte para fazer o transplante”, conta Marcela.

Até o início de setembro, em Minas Gerais, já foram realizados 1.484 transplantes, enquanto durante todo o ano de 2016 foram 1.976. O Estado tem 3.428 pessoas na lista de espera, principalmente para transplante de rim (2.300) e córnea (977), de acordo com dados do MG Transplantes.

O mês de maior incidência de doação é setembro, segundo Marcela de Freitas. “É um período em que as campanhas de mobilização são intensificadas na TV e na internet e o assunto é bastante falado entre as pessoas”.

Setembro Verde

Desde o início do mês, em todo o Estado, está sendo veiculada a campanha “Setembro Verde” para incentivar a doação de órgãos. Prédios em Belo Horizonte estão iluminados com a cor da campanha e cartazes foram fixados nas estações de metrô.

Com o slogan “Doe órgão, doe vida”, a ação pretende conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e, ao mesmo tempo, incentivar o debate com familiares e amigos sobre o assunto.

Mobilização

Nesta quarta (27) o MG Transplantes, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), e com o apoio da ONG  AMPARUS (Associação dos Pacientes Receptores, Doadores e Transplantados de Órgãos e Tecidos), realiza uma ação de conscientização na Cidade Administrativa, no hall do prédio Minas.

No evento serão distribuídos folders, adesivos e outros materiais informativos e profissionais vão tirar dúvidas das pessoas em relação aos transplantes.

Quem e quais órgãos podem ser doados?

Existem dois tipos de doadores: o cadáver, que teve morte encefálica, e o vivo. O doador vivo é qualquer pessoa saudável que concorde com a doação, sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais. Por lei, podem ser marido e mulher e parentes de até o quarto grau. Não parentes do paciente, só com autorização judicial.

Podem ser doados córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas e ossos. Já os doadores vivos podem doar um dos rins, a medula óssea, uma parte do fígado, uma parte do pulmão e uma parte do pâncreas.

Há também a retirada de tecidos do doador cadáver, que depende da autorização do cônjuge ou parentes até o segundo grau.

Quando o paciente está em quadro de morte encefálica, mas com o coração ainda batendo, podem ser retirados todos os órgãos passíveis de doação. Mas, com o coração parado é possível doar apenas as córneas, que devem ser retiradas em até seis horas.

doação de órgãos

Para entrar na lista de espera de transplantes é preciso ser encaminhado por um médico para um dos Centros Transplantadores. O paciente é submetido a vários exames, que variam conforme o caso clínico, para que seja comprovada a necessidade do procedimento.

Para sua realização, são observados critérios como urgência, compatibilidade de grupo sanguíneo, compatibilidade anatômica (tamanho do órgão e do paciente), compatibilidade genética, idade do paciente, tempo de espera, dentre outros critérios.

O MG Transplantes, criado em 1992, é o responsável por captar e distribuir órgãos na região Metropolitana de Belo Horizonte, Zona da Mata, Sul, Oeste, Nordeste e Leste do Estado. Pelo telefone 08000-283-7183, o órgão informa e tira dúvidas sobre o processo de doação.

 

*Hoje em Dia