15/08/2017 - 9:34:37

Inverno atípico lança alerta para ataque de peçonhentos

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Na madrugada e no início da manhã, baixas temperaturas. À tarde, sol e muito calor. Além de prejudicar a saúde, contribuindo para gripes e resfriados, as mudanças bruscas no clima lançam alerta para o risco de ataques de animais peçonhentos. Mesmo no inverno, cobras, escorpiões e aranhas também têm incomodado os mineiros.

Os bichos tendem a sair dos esconderijos em meio às elevadas temperaturas, que têm ficado acima dos 30°C nas tardes dos últimos dias. Só o número de acidentes com cascavel, por exemplo, subiu 46% no Estado de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2016.

Na média geral de todas as ocorrências de picadas por animais peçonhentos, monitoradas pela Secretaria de Estado de Saúde, o aumento foi de 16%. O crescimento dos registros é consequência das alterações climáticas, afirma o chefe do Serviço de Animais Peçonhentos da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Rômulo Toledo.

Segundo ele, em meio a um inverno que apresenta mudanças que vão do frio rigoroso ao calor, os bichos acabam saindo dos habitats, como galerias pluviais e bueiros, em busca de ambientes mais úmidos. A dedetização de imóveis também ajuda no deslocamento desses animais para outros lugares.

Temor

A preocupação aumenta porque esses bichos invadem as residências e lotes mesmo que os espaços estejam limpos. A questão sanitária, no entanto, não deve ser relegada. “Uma parede sem reboco é um facilitador. Os animais podem subir e se esconder nas frestas. O morador deve usar barreiras físicas e, por último, o controle químico com inseticidas, feito por uma empresa legalizada”, recomenda Toledo.

Socorro imediato pode evitar mortes; risco é maior entre crianças e idosos

Ao ser picado por um animal peçonhento, a recomendação é procurar ajuda médica urgente. Se for possível, a vítima deve levar o bicho ao hospital. O procedimento facilita a identificação e o tratamento adequado, uma vez que cada animal apresenta riscos diferentes. Dependendo do caso, a vítima pode morrer em poucas horas.

Analgésicos e soluções caseiras não devem ser administrados. “Atrapalham o diagnóstico, dificultando o tratamento”, reforça Rômulo Toledo, da Funed.

Pessoas menores de 6 anos e acima de 65 são as que mais sofrem com esses acidentes. “Crianças e idosos têm sistema imunológico incompleto, incapaz de produzir anticorpos na velocidade necessária para paralisar o veneno”, diz Toledo.

A médica Patrícia Drumond do Centro de Informações e Assistência Toxi-cológica (CIAT-BH), do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, ressalta que essas faixas etárias são naturalmente mais vulneráveis ao combate a venenos de animais peçonhentos.

Rápido

Quem for atacado por escorpiões deve receber o socorro ainda mais urgente, principalmente as crianças. “A progressão do sintoma é mais rápida. Por isso, é necessário agir rápido. Adultos terão dor, mal-estar, mas não terão sinais de gravidade. Por outro lado, em uma hora a criança já pode ficar em estado grave, necessitando de atendimento em Centro de Terapia Intensiva (CTI). Os pequenos podem ter arritmia, um tipo de falência do coração em que ela não consegue respirar. O pico de alta mortalidade se dá até os 4 anos”, explica Patrícia.

Referência
O CIAT-BH é considerado um centro de referência no país no atendimento qualificado a todo tipo de intoxicação. A unidade faz parte de uma rede nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) de informação a pacientes que sofreram acidentes com animais peçonhentos. Orientações, inclusive, são repassadas pela equipe por telefone.

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*Hoje em Dia